Histórias policiais possuem o talento natural para atrair a atenção do público. E é de conhecimento geral que um dos principais responsáveis por esse sucesso é Sherlock Holmes. O detetive criado por Sir Arthur Conan Doyle reuniu uma infinidade de fãs ao longo dos séculos, sendo sinônimo de sucesso para adaptações de suas aventuras em diversas mídias. Assim, muitos desenvolvedores observaram a oportunidade de expandir o universo do detetive, trazendo personagens novos e promissores. É o caso de Enola Holmes, a irmã mais nova de Sherlock, criada pela autora americana Nancy Springer e que ganhou um segundo filme na Netflix.
Dirigida por Harry Bradbeer, a obra apresenta a vida da jovem Enola Holmes (Millie Bobby Brown) após os acontecimentos do filme anterior. Depois de obter sucesso em suas primeiras investigações, Enola decide abrir sua própria agência de detetives, o que não funciona muito bem. Quando tudo parece perdido, Bessie Chapman (Serranna Su-Ling Bliss), uma menina operária em uma fábrica de fósforos, pede a ajuda da jovem detetive para encontrar sua irmã perdida. Em meio às investigações, Enola se depara com uma trama complexa, que atravessa várias camadas da sociedade da Inglaterra Vitoriana.
O filme possui aspectos positivos de seu antecessor, como a quebra da quarta parede pela protagonista ao explicar o desenrolar dos mistérios e como chegou a essas soluções. Isso mantém a assinatura autêntica da narrativa e faz com que exista uma proximidade entre a personagem e o público. Além disso, consegue equilibrar a representação do passado com a visão do presente, trazendo um retrato da Era Vitoriana, com suas disparidades sociais, e uma visão atual sobre as lutas feministas que ganharam força na época. Essa relação de passado e presente é perigosa, se a obra não souber como trabalhar, o que não é o caso de ‘Enola Holmes 2’.
Outro ponto importante de destacar são as personagens. Enola está de volta com sua personalidade forte e a frente de seu tempo, mas novas figuras entram na história, trazendo um desenvolvimento mais complexo para o enredo. Além disso, há uma evolução significativa na relação entre Enola e Sherlock, ao apresentar a protagonista como um elemento essencial na formação do detetive conhecido na literatura clássica. Isso também contribui para a expansão do universo do filme, que aproxima-se das histórias de Sherlock, introduzindo personagens já familiares para os fãs das obras de Conan Doyle.
‘Enola Holmes 2’ é um filme dinâmico, que mantém a essência original, mas traz uma trama mais madura e elaborada. Expandindo seu universo, o filme prende a atenção do público, ao apresentar um caso pequeno que toma proporções bem maiores a ponto de chegar ao centro da corrupção em todos os níveis de autoridade do país. Diante de uma trama bem desenvolvida, a Netflix deixa o espectador curioso sobre quais serão os próximos passos da jovem detetive, e torcendo para que um terceiro filme seja confirmado.