Em um mês conturbado como outubro, estreou nas salas de cinema brasileiras a comédia ‘Rir Para Não Chorar‘, como uma alternativa, um alívio para os espectadores escaparem um pouco da realidade e se divertirem um pouco. Sobre esse e outros desafios, a diretora Cibele Amaral e o produtor Patrick de Jongh conversaram com exclusividade com a Cabine Secreta. Confira!
CS: Primeiramente, muito obrigado por conversar conosco. Acho que podemos começar com o básico, que é fazer comédia no cinema brasileiro. Como fazer comédia em momentos em que a nossa realidade parece nos engolir?
Bom, o filme fala bem sobre isso. Por isso o título. Como a gente consegue rir e fazer os outros rirem quando não estamos bem? E a realidade do Brasil hoje, para os artistas principalmente, é de chorar. Não estamos sendo valorizados. Prestigiar a cultura e as artes brasileiras já foi importante para a nação, hoje não é. O brasileiro só sai de casa para ver filmes de super herói e nossas filmes não conseguem ser competitivos em termos de divulgação, de marketing. Infelizmente, porque são filmes muito bons que teriam mais chance se o brasileiro prestigiasse!
CS: ‘Rir Para Não Chorar’ aborda um tema muito sensível, que é a morte, a morte de um familiar muito próximo, mas através da comédia, que geralmente não é um gênero que aborda esse tipo de tema. Como e por quê trabalhar um tema tão sensível através de um viés tão leve?
Por causa da minha experiência pessoal. Esse roteiro saiu do fundo do poço. Eu perdi minha mãe e fiquei sem chão. E do meu luto, que foi longo e muito sofrido, saiu esse texto, que fala da figura do “palhaço” que está triste. Ninguém se importa com a dor dele, mas querem que ele continue engraçado. Também fala muito sobre a despedida, relações familiares, desapego e crescimento.
CS: Cibele, não sei se você irá concordar. Mas como diretora de um filme de comédia, você acha que faltam mais mulheres dirigindo e escrevendo esse gênero?
Falta mulheres em todos os gêneros! Não somos protagonistas no audiovisual. Além de sermos poucas, as que conseguiram uma estabilidade na profissão são pouquíssimas. E mesmo mulheres que foram premiadas, reconhecidas internacionalmente, não estão no mesmo patamar dentro do mercado que homens com talento muito menos afirmado. Está mudando? Não sei não. Parece que o mercado escolhe ali uma ou outra mulher para estabelecer uma cota. E no meu caso, mulher e fora do eixo, só com muita determinação para me manter ativa e realizando muitos projetos.
CS: ‘Rir Para Não Chorar’ reúne três nomes do humor brasileiro que vieram por trajetórias diferentes: do cinema, da internet, dos palcos. Essa foi uma escolha proposital? Existe diferenças no humor nessas três vertentes?
Estamos falando de Rafael Cortez, Fafy Siqueira e Marina Xavier? O elenco foi escolhido por proximidade com as personagens e pelo talento deles na comédia. Assim como Serjão Loroza, Catarina Abdalla, todos os comediantes que estão no filme estão lá porque são engraçados, talentosos. São pessoas brilhantes no que fazem e estão muito bem no filme. Existe diferença sim nessas vertentes de humor, mas o comediante seja de stand up, seja da internet, da TV, dos palcos e do cinema, é uma força da natureza. Fazer rir não é fácil, exige muita inteligência, timing, uma mente aguçada. E temos comediantes incríveis reunidos nesse filme.
‘Rir Para Não Chorar‘ está em cartaz nos cinemas, numa sala perto de você.
