O Festival Varilux anualmente traz ao Brasil uma seletíssima safra do que há de melhor no cinema francês e francófano, como uma oportunidade para conhecer novos talentos, novas vieses, novas histórias. Conhecido por um humor mui peculiar e histórias cujos finais nem sempre são felizes, o cinema francês participa de um circuito quase particular, nem sempre ultrapassando a barreira do grande público. Vez ou outra, porém, algum filme consegue transpor essa barreira, como o caso de ‘Esperando Bojangles’, dramédia que chega essa semana ao circuito de salas brasileiro.
Quando Georges (Romain Duris) conhece Camille (Virginie Efira) em uma festa, ele se apaixona completa e imediatamente. Dessa paixão, vem o casamento e um filho, Gary (Solan Machado Graner). O lance é que Georges e Camille têm um grandessíssimo problema com a realidade, vivendo melhor e mais feliz no mundo da imaginação. Porém, quando a imaginação e a realidade entram em choque, é preciso escolher um dos lados, e essa escolha talvez não seja a mais desejada pelos dois.
Em duas horas, ‘Esperando Bojangles’ vai da comédia ao drama exatamente na metade do longa, virando o clima de ponta-cabeça, o que demonstra a destreza do roteiro de Romain Compingt e Régis Roinsard em adaptar o romance homônimo de Olivier Bourdeaut para as telonas. Soma-se a isso a firmeza do diretor Régis Roinsard em encontrar a harmonia da produção, seja na virada do humor, seja no equilíbrio entre fotografia, cenografia, direção de arte e, acima de tudo, nas belas e comoventes atuações do casal protagonista.
‘Esperando Bojangles’ é um filme surpreendente, comovente e belo, que reforça a potência criativa do cinema francês.