Crítica | Desterro – Dramático Filme Brasileiro É um Belo Retrato Do Fim

As pessoas não gostam de falar sobre o fim. O fim da vida, do relacionamento, do período de trabalho, da escola. O fim tem sabor agridoce, de despedida, de um começo forçado que muitas vezes nem é desejado. Gostamos de começos, mas não de terminar as coisas. Eis o belo e o contraditório da vida. ‘Desterro’ é sobre isso. Em significado literal, é ser forçado a sair da terra natal, ou, numa esfera penal, é a obrigação do réu em ter que ficar em determinado lugar. Nesse alinhamento está o filme ‘Desterro’, lançamento da semana no circuito nacional.

Laura (Carla Kinzo) e Israel (Otto Jr.) são casados, mas as coisas não andam bem. Presos numa rotina, aos poucos os dois vão se distanciando, até que Laura recebe uma grave notícia, que faz com que ela tome a decisão de abandonar a casa, o marido e o filho e sair sozinha em uma viagem para o sul do país. Isso faz com que Israel tente buscar respostas no abismo que se formou entre os dois, a partir de uma outra terrível notícia que ele recebe.

Dividido em atos, ‘Desterro’ é um filme-arte, provocador, construído de seu jeito próprio. O roteiro vai e vem com as informações, de modo que o espectador deve construir a narrativa juntando as peças a partir do momento em que a história é interrompida e é retomada em um novo ato. Para uma estreia, Maria Clara Escobar traz um olhar desafiador à forma de se fazer cinema, e conta ainda com a participação de rostinhos conhecidos do mercado, tais como Bárbara Colen, Georgette Fadel e Grace Passô. É um filme que tira o espectador do conforto do lugar-comum e propõe uma poética reflexão sobre o fim.

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