Morbius, para quem não sabe, é na verdade um vilão dos quadrinhos do Homem-Aranha, onde ele é um bioquímico que tenta criar uma cura para sua rara doença sanguínea. No entanto, em uma decisão que se aproxima mais do Dr. Jekyll e do Sr. Hyde do que a prática médica moderna, Morbius decide testar um tratamento experimental envolvendo DNA de morcego vampiro e terapia de eletrochoque em si mesmo, o que o transforma em uma criatura parecida com um vampiro com muitos poderes e habilidades – e também toda a sede vampírica.
Assim como em Venom, o vilão é posto como protagonista do filme. Há câmera lenta em abundância, algumas cenas de combate divertidas e muitos efeitos visuais legais para acentuar as cenas de luta.
O filme começa com um flashback que mostra a história de origem de Michael Morbius (Jared Leto): ele sempre teve uma condição médica que o mantém em um estado enfraquecido, em seguida, ele conhece Milo (Matt Smith), que também compartilha a mesma condição e todos os problemas que a acompanham. Avançando rápido para a fase adulta dos dois e mostrando que Michael dedicou sua vida à ciência para encontrar uma cura para eles. Ele se tornou um cientista brilhante mas com ética questionável e Milo é seu financiador. O elenco principal conta também com Adria Arjona como Martine, que é parceira de pesquisa e interesse amoroso de Morbius.
Não se foge muito da história de origem dos quadrinhos e por mais que eu tenha feito só um resumo muito curto e rápido dos primeiros minutos do filme, você não tem muito mais detalhes que isso assistindo ao filme.
São usados elementos de três estilos: terror, vampiros (eu sei que há sobreposição entre os dois, mas filmes de vampiros têm suas próprias convenções) e um de origem de super-heróis. E, bizarramente, o filme toma as decisões mais seguras e sem graça. Escolhendo as partes mais mansas de cada um dos três estilos e usando-as para juntar tudo. Apesar disso, um dos maiores problemas do filme é se apressar em tantas coisas a ponto de poucas partes do roteiro fazerem sentido.
Claro, se você apenas olhar para os elementos básicos – qual é o problema; quem é o vilão; por que ele é mau; qual é o problema pessoal do protagonista; etc – tudo está lá, mas é tudo tão apressado que as motivações dos personagens acabam não fazendo sentido. De longe, as respostas para essas perguntas parecem bastante óbvias, entretanto preste bastante atenção e você verá que não. Por causa disso, é difícil se envolver com os personagens do filme.
Essa falta de detalhes fica cada vez mais evidente à medida que o enredo começa a se desenrolar. Mesmo na parte que ele começa a descobrir e se acostumar com seus poderes, que poderia gerar cenas divertidíssimas e visualmente interessantes, é executada quase que com desdém, como um “sim, eu posso fazer isso agora”.
Embora mostre diretamente os efeitos do último filme do Homem Aranha, Sem Volta pra Casa, Morbius o faz de uma maneira que pode ser considerada até muito preguiçosa, especialmente o que eles fazem com Adrian Toomes, o Abutre (Michael Keaton) – o que poderia ter sido um momento muito épico se transformou em algo tão mundano que tudo o que você pensa é “porque fizeram isso?”.
Finalmente, é absolutamente incrível quando Matt Smith rouba a cena e ganha seu espaço abraçando seu vilão no filme. A forma que ele aproveita a oportunidade de dar tudo de si é uma coisa maravilhosa de se assistir. Sua atuação é uma das coisas que torna este filme divertido. Já Leto interpreta um Morbius, na maior parte, subjugado. Smith está ótimo e visivelmente gostando de estar ali.
Enquanto assistia ao filme, fiquei pensando, aonde esse ele se encaixaria para eu conseguir realmente me divertir com ele? E só consegui imaginar como algum filme de herói dos anos 90; ou em algum lugar no meio de Blade ou Underworld – Anjos da Noite, talvez aí possa funcionar.