Crítica| Veneza – Novo filme de Miguel Falabella é uma ode aos sonhos

Após 40 anos de contrato, Miguel Falabella deixou a Globo. Apesar disso, o ator, diretor e roteirista está envolvido em vários projetos, como a tradução de um livro infantil, uma série para a Disney+, uma animação para a internet e finalizar o roteiro de uma peça. Entre todos esses compromissos, Falabella conseguiu separar um tempo para realizar seu tão sonhado longa-metragem ‘Veneza’, com estreia prevista para 17 de junho.

Inspirado na peça do argentino Jorge Accame, o filme narra a história de Gringa (vivida pela espanhola Carmen Maura), dona de um bordel no interior do Brasil. Ela conta com a ajuda de Rita (Dira Paes) e Tonho (Eduardo Moscovis) para administrar seus negócios e suas meninas, interpretadas por Danielle Winits, Carol Castro, Laura Lobo e Maria Eduarda de Carvalho. Cega e doente, Gringa sonha em viajar à Veneza para encerrar uma história de amor que começou há 50 anos. Apesar das limitações financeiras, sua família tenta ajudá-la a buscar o perdão com o seu passado através da fantasia e da ajuda de artistas de circo.

A obra alterna cenas do presente com momentos de flashback, que apresentam as escolhas que Gringa e seu amado Giácomo (Magno Bandarz) fizeram, o que levou a separação do casal na juventude. Passado e futuro se encontram nos dilemas da vida das personagens. Enquanto Gringa busca um amor antigo, Madalena (Carol Castro), uma de suas meninas, procura uma vida melhor ao lado de seu amado.

O filme possui um tom teatral e uma estética narrativa familiar ao cinema europeu, com inspiração em Federico Fellini e Luchino Visconti. As personagens apresentam diversas camadas, e cada uma possui suas complexidades. Elas não são simples de serem decifradas e possuem cenas intensas, também baseadas em divas italianas. Além do elenco de peso, a magia do longa-metragem deve-se também ao belíssimo trabalho de fotografia de Gustavo Hadba, e direção de arte de Tulé Peak, que conseguem equilibrar cenários e cores fortes com o tom melancólico da história.

Por se tatar de uma adaptação, Miguel Falabella tomou a liberdade de criar alguns arcos que não existiam no original, como a história da garota de programa que se apaixona por um rapaz que sonha em ser trans. Assim, o filme traz um tema atual diante de uma narrativa nostálgica, abrindo um rápido debate sobre preconceito, mas da forma mais intensa e radical que poderia ser apresentada.

Veneza’ é um filme poético, metafórico e imaginativo, que encanta nos detalhes e na sensibilidade do olhar das personagens. Personagens essas que possuem uma vida cheia de dificuldades, mas sempre sonham com um amanhã melhor.

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