Crítica | O Paraíso Deve Ser Aqui – A Beleza da Comédia Inocente

Elia Suleiman é um diretor de cinema palestino que mora na capital de seu país e sente que deve expandir seus horizontes. Acontece que por todo lado que olha na Palestina ele encontra os mesmos rostos, o mesmo enigma comportamental, a mesma distância religiosa entre árabes e judeus. Cansado da mesmice, ele decide viajar a outros países, para ver com seus próprios olhos como são os horizontes dos outros.

            Misturando ficção e realidade, o longa ‘O Paraíso Deve Ser Aqui’ brinca com a tênue fronteira entre essas duas possibilidades, uma vez que Elia Suleiman interpreta a si mesmo em seu filme e interage com personagens reais, como o ator mexicano Gael García Bernal, que faz uma absurda participação especial em uma cena hilária, em que ele espera ser atendido em uma produtora e quer apresentar seu amigo diretor, Elia Suleiman, aos sócios.

            Passando por Paris e Nova York, o longa trabalha o insólito fantasioso do cotidiano, e Elia Suleiman se transforma ele mesmo em um personagem observador. As cenas através dos seus olhos conseguem capturar uma estética além do lugar-comum turístico. Destaque para as cenas do desfile de tanques de guerra em Paris e a batalha de amor e ódio de Elia Suleiman com um passarinho.

            Com evidentes influências do cinema mudo – uma vez que o longa tem pouquíssimas falas, e quase nenhuma proferida pelo protagonista –, Elia Suleiman se apresenta como o Chaplin moderno em ‘O Paraíso Deve Ser Aqui’, construindo um longa que critica a branquitude da própria indústria cinematográfica e que, através da ficção insólita, nos mostra que a busca da felicidade está na própria jornada, afinal, a felicidade está dentro de nós.  

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