Crítica | Os Brinquedos Mágicos – Opção Lúdica de Desenho Não Hollywoodiano

Em um ano em que a Dona Disney lançou, literalmente, uma super grande produção por mês nos cinemas, qualquer longa de animação que se proponha a ser exibido nas redes se torna, ao menos, um ato de coragem. Em ‘Os Brinquedos Mágicos’ a dita ousadia vai mais além, por ser uma produção chinesa, realizado pela Light Chases Annimation, e por fazer questão de mostrar suas raízes ancestrais no filme.

            Na tradição chinesa, as pessoas cultuam muito o ritual de tomar chá. A bebericagem é ingerida várias vezes ao dia, em qualquer local, em qualquer situação. Por isso, o ato de tomar chá pede um ritual, um investimento em artefatos para melhor proporcionar a experiência à visita. Dentre os muitos acessórios disponíveis, há o boneco infusor – pequenos artefatos temáticos que ficam na beirada das xícaras com o conteúdo das ervas e que, ao serem inseridos na água quente, tendem a mudar de cor. A confecção desses bonecos infusores é uma verdadeira arte, com mestres que possuem técnicas específicas de cozimento e modelagem da argila.

            Diante de tudo isso, Nathan é um boneco que não consegue mudar de cor, e se sente muito frustrado porque todos os seus amigos fazem sucesso na loja do mestre. Um dia, um amigo inesperado – a quem dá o nome de Futurobô – chega do futuro, e, para ajudá-lo a voltar para casa, Nathan se envolve em mil aventuras de autoconhecimento e de superação.

            É claro que, em se falando de desenho no qual os brinquedos ganham vida, é impossível não lembrar de ‘Toy Story’ – e, sim, as semelhanças estão lá, seja na estética, seja na dinâmica (a duplina de protagonistas lembra muito Woody e Buzz). Também há referências a ‘A Era do Gelo’, ‘Por Água Abaixo’ e à clássica dinâmica da dupla ‘O Gordo e o Magro’, sempre representando dois personagens que atravancam a trajetória dos protagonistas.

            No aspecto técnico, a montagem e a continuidade são indecisas, hora inserindo cenas fora de lugar, ora colocando cenas que não fazem ligação com o todo da história. O roteiro é simpático, atual e generoso, ao encontrar espaço para expor a milenar cultura chinesa do chá para uma geração de espectadores que já nasceu com a cara grudada no tablet. E o trabalho da dublagem, a cargo da Unison, está bastante satisfatório, direcionando o longa para seu público alvo.

            ‘Os Brinquedos Mágicos’ é um filme lúdico que faz sorrir, que não vem para arrastar milhões de espectadores para o cinema, mas sim para fazer as crianças sonharem e saberem que há muitos outros brinquedos no mundo.

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