Desde o lançamento de ‘Marley e Eu’, em 2008, qualquer filme com cachorrinho já deixa o espectador ressabiado, com medo de sofrer horrores na sala de cinema. E essa semana chega às telonas o inesperado ‘Meu Amigo Enzo’, que tem os mesmos produtores do anterior. E surpreende.
Baseado no best-seller ‘A Arte de Correr na Chuva’, de Garth Stein, de 2008, o longa conta a história da relação entre o simpático filhote de labrador, Enzo, e o aspirante a piloto de Fórmula 1, Denny Swift (Milo Ventimiglia, bem no papel). O longa acompanha a evolução dessa relação em diversos momentos da vida dos dois, desde quando Denny ainda era solteiro e passava boa parte do tempo com amigos e nos treinos, a até ele conhecer Eve (Amanda Seyfried), e a mudança na rotina dos dois com a entrada dessa nova personagem.
Embora a ficha técnica diga que o longa teve baixo orçamento (U$6 milhões de dólares), não é o que parece no resultado final. Com locações de aparência cara – mansões nos Estados Unidos e na Itália – e participação direta de carros e do box da Ferrari, a trama vai se desenrolando se apoiando basicamente na boa história conhecida pelo público, narrada pelo próprio Enzo (no original, com a voz de Kevin Costner).
Para quem leu o livro, é sabido que o autor é muito fã do Ayrton Senna (cuja principal característica era saber dirigir com maestria na chuva, daí o título no original) e por isso o personagem Denny é inspirado no piloto brasileiro. A diferença é que Denny passa boa parte do filme tentando, correndo atrás de seu sonho, porém, enquanto Ayrton conseguiu “chegar lá” bem antes. Enquanto isso, a história apresenta como pano de fundo uma pincelada de temas mais profundos, como os maus tratos aos animais e a cobrança do núcleo familiar por uma vida estável.
Para tal, a direção de Simon Curtis às vezes opta por não explorar mais profundamente certos momentos da vida de Denny, o que dá uma sensação de que estamos apenas vendo a vida comum de um indivíduo comum. Porém, quando o espectador menos espera, a história dá uma guinada e, de repente, já no terceiro arco, o drama começa se desenrolar, trazendo lágrimas aos olhos. Isso é mérito do diretor e do roteiro de Mark Bomback, que conseguiram construir um momento inesperado mesmo para quem já tinha lido o livro.
Dentre todas as opções caninas esse ano, ‘Meu Amigo Enzo’ é o filme que mais surpreende, dosando bem a comédia e o drama com um catioro simpático e superinteligente, que funciona como um narrador consciente de toda a história. Uma boa opção para um programa em família.