Crítica | A Divisão – Violência Gratuita e Muita Ação em Nova Série da Globo

Ano: 2019

Temporada: 01

Episódios: 05

Minutagem: 40 minutos (média por episódio)

            A nova série da Rede Globo, ainda sem data de estreia, tem uma boa premissa: relembrar a onda de sequestros que permeou e preocupou os anos 90. Naquela época, especificamente o Rio de Janeiro, os cidadãos viveram assombrados com a ameaça constante de ser capturado na cidade, e o alvo podia ser qualquer um: desde gente relevante para a comunidade do morro a até filhos de figurões de Brasília.

            Esse é o mote de ‘A Divisão’, gravada no Rio de Janeiro, com direção de Gustavo Bragança, Aurélio Aragão e Erik de Castro, que joga luz na fictícia DAAS, a Divisão Anti-Sequestro. Na trama acompanhamos Mendonça (Silvio Guindane), o delegado e comandante da divisão, sujeito íntegro mas sem paciência pra bandido, cuja filosofia é “não tem negociação, bandido bom é bandido morto”. Ele é o responsável pelo sucesso das operações de resgate das vítimas ainda com vida e sem a necessidade do pagamento pedido pelos bandidos. Só que as glórias e a fama recebidas por ele provoca os brios de algumas pessoas, dentre as quais Benício (Marcos Palmeiras), um figurão bem relacionado dentro da própria DAS. Em paralelo, acompanhamos o trio Santiago (Eron Cordeiro), Roberta (Natália Lage) e Ramos (Thelmo Fernandes), policiais bem corruptos que lucram por fora na onda de sequestros, até serem remanejados para o coração da DAS e serem obrigados a andar na linha. O clima de tensão aumenta quando Camila, a filha do deputado e candidato a governador Venâncio Couto (Dalton Vigh) , é sequestrada, e a coisa toda sai dos eixos.

            O primeiro episódio choca com o excesso de violência explícita, e isso pode incomodar o espectador desavisado. São cenas de sangue, violência física, tortura, violência verbal constante, enfim. Porém, como são apenas cinco episódios nessa primeira temporada (e a história se fecha, deixando uma abertura para uma possível continuação), ao longo da história essas cenas vão se diluindo, embora ainda reapareçam. Também o primeiro episódio parece que o elenco todo está meio duro, sem ter entrado direito no personagem – então, não se afastem após o primeiro episódio.

O tom de sépia das imagens ajudam a dar ideia de passado na trama e há também referências sutis aos anos 90 (como uma vítima que é a cara do Kurt Cobain). O importante nessa série é ver como a politicagem engessa o bom andamento da nossa polícia, e como esses jogos de vaidade e de ego comprometem a segurança pública e deixa a todos nós vulneráveis. Também é interessante reparar o quanto essa mesma vaidade gera violência, o quanto a violência é espetaculosa e lucrativa e o quanto a politicagem se beneficia dessa violência constante no estado.

            Com elenco e produção majoritariamente masculino, a série de Vicente Amorim e Rodrigo Monte já dá um gostinho do que o público poderá esperar no filme ‘DAS – Divisão Anti-Sequestro’, agendado para estrear em 2020 nos cinemas brasileiros.

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