Provavelmente se mantivesse seu nome de nascença, Reginald Kenneth Dwight, jamais teria se tornado o rockstar que conhecemos, porém, ao abandonar seu nome de batismo para trás e assumir a alcunha de Elton John, o jovem pianista sonhador do interior da Inglaterra incorpora, assim, a persona na qual gostaria de se transformar – e isso, no show bussiness, é fundamental.
Em ‘Rocketman’ o espectador é presenteado com um desfile de carnaval vertiginoso em formato de filme, cheio de lantejoulas, paetês, cristais e muito, muito brilho! Isso porque a verdadeira vida de Elton John é recheada de muitas cores, texturas e cheiros (méritos da direção de figurino de Julian Day), e o roteiro de Lee Hall deixa isso em evidência em todas as oportunidades que tem, além de conseguir contar toda a essência do biografado de maneira leve, mesmo nos momentos mais obscuros. Esse é um ponto importante a ser levantado porque é realmente dificílimo começar uma história já entrando com um número musical, e manter o mesmo ritmo ao longo das duas horas de projeção, mesmo quando o biografado está enfrentando seus momentos mais terríveis. Eu mesma não lembro de nem uma vez ter visto ser retratado uma pessoa sair de uma overdose de uma maneira tão positiva.
A direção de Dexter Fletcher é primorosa, conduzindo a câmera com leveza nos momentos certos e descontrolada quando o espectador deve entrar em cena. Taron Egerton entrega o papel da sua vida com muito competência, mas não consegue nos fazer esquecer de que ele é um ator interpretando o Elton (ao contrário da entrega inquestionável que Rami Malek conseguiu em ‘Bohemian Rhapsody’).
Com produção do próprio Elton John, ‘Rocketman’ é um filme que faz jus ao homenageado, sem cortar nenhum episódio por conta da audiência e sem esconder o fato de Elvis Presley e os Beatles terem influenciado o pianista. É desses filmes que, assim que terminam, você já quer ver de novo na sequência, que te deixa com um sorriso no rosto e com a alma elevada.